terça-feira, 20 de outubro de 2009

surgimento do team x

A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, uma nova geração passa a participar das reuniões dos Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna [CIAM], trazendo algumas criticas ao, segundo BARONE (2002), “modelo hegemônico propagado pelos congressos”. A autora afirma que tal modelo firmou-se devido a três fatores:

A hegemonia interna dos CIAM legitimou-se na disputa interna entre dois grupos de liderança, o grupo alemão e o francês. Além disso a insistência em alguns temas tidos como centrais nas discussões levantadas foram essenciais para a legitimação dessa hegemonia. Esses temas foram a habitação social e a cidade funcional. Outro importante fator que levou à consolidação da hegemonia foi a centralização da gestão interna dos Congressos em um comitê formado por Walter Gropius, Le Corbusier, Sigfried Giedion, José Luis Sert e Cornelius van Eesteren. Eles determinavam o rumo das discussões, fazendo enfraquecerem outros grupos que levantassem temas incompatíveis com seus interesses práticos.
(BARONE,2002)

As temáticas tratadas pelos CIAM iniciaram-se pelo estudo da célula mínima de habitação, passando pelos blocos – aglomerado de células – até se chegar as teorias sobre a cidade funcional. Tais discussões recuperam preocupações já existentes na Europa tendo em vista a chamada Deutcher Werkbund, criada em 1909, em que se estudava a produção arquitetônica de maneira mais econômica rápida e em grande escala, sem perda de qualidade projetual. Dessa forma, os CIAM passam a organizar exposições de projetos onde eram realizadas comparações em relação à modulação, aeração e ventilação dos apartamentos, suas fachadas e volumetrias, para as casa para padrões mínimos, o chamado existenzminimum. Tais exposições ganham tamanha importância que roubam as atenções dos CIAM em detrimento da discussão sobre a arquitetura moderna.

Os debates em torno do tema sobre a cidade passaram a ser conflituosos dentro dos CIAM. Após a Segunda Guerra Mundial, uma nova geração de arquitetos passa a figurar dentro dos Congressos provocando uma série de questionamentos que botavam em cheque o ideal da cidade funcional. Como destaca ARANTES (1995) “voltou-se então a pensar a cidade como um todo antes fragmentado do que unificado por um centro vital, embora ela já não fosse mais avaliada do ângulo da performance funcional de suas partes. Não obstante, continuam a se multiplicar outras propostas de intervenção visando deter a desagregação da cidade moderna.”


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

pós guerra italiano: entre a tradição e o novo





















Em 1956, findam-se os CIAM e constituem-se o Team X. Segundo BARONE (2002), “Os jovens arquitetos do Team X entendiam por humanização a possibilidade de incorporar na produção rigorosa e doutrinada da arquitetura funcionalista a questão das inter-relações sociais no espaço construído”. Com isso, o grupo formado passa a questionar a validade de princípios universais estabelecidos pelo Movimento Moderno a partir da compreensão de que o homem se organiza em comunidades, que desenvolve a necessidade de se diferenciar, se identificar com o local que habita, criar vínculos sociais e apreender o espaço a partir de seus próprios valores culturais.





De 1959 a 1962, o grupo pretendeu se afirmar pelas diferenças que caracterizaram os trabalhos de seus membros. Para identificar essas diferenças, o grupo passou a organizar suas reuniões não mais em torno de grandes temas, como nos encontros dos CIAM, mas a partir dos projetos mais relevantes dos membros.

















Uma vertente caracterizou-se como continuidade com a crença corbusiana na elaboração de modelos formais arquitetônicos para a resolução dos problemas sociais. Outra desenvolveu critérios próprios para a concepção da forma e foi denominada estruturalista holandesa. A terceira linha se afirmou pela valorização das tradições locais, através do uso de referências formais e do respeito às questões culturais pela arquitetura. (BARONE,2002)

Desde os anos 40, a problemática relacionada ao contexto foi uma questão recorrente em meio aos arquitetos modernos italianos. A preocupação era desenvolver uma reflexão sobre a inserção da arquitetura moderna em meio a um entorno formado por edificações históricas, monumentos, que guardavam a identidade do povo italiano e resquícios de períodos importantes da antiguidade. Tal valor histórico atribuído aos centros históricos em contraposição à crença no Movimento Moderno como solucionador dos problemas urbanos da sociedade do pós-guerra, levaram os arquitetos italianos a um paradoxo entre a tradição e o novo.

[preexistências ambientais]

“de um proyecto funcionalista (...) se pasa a um proyecto formalista”
(MONTANER, 1993)


Ernesto Rogers em 1951 e 1957 foi um dos primeiros arquitetos a procurar uma solução para tal contradição projetando a Torre Velasca.

O projeto, no coração da cidade histórica de Milão, constitui uma obra em que se acentuam os elementos decorativos formais que aludem a um objeto da cidade medieval. Como destaca MONTANER (1993) “Este edificio es la máxima expresión de la reflexión de Rogers sobre las preexistências ambientales, em el intento de sintetizar y expressar, sin mimetismos, el carácter inefable de la ciudad”. O edifício é organizado de maneira que os dois primeiros andares são dedicados às atividades comerciais e exposição; do segundo ao décimo sétimo andar há uma combinação de escritórios e apartamentos; no décimo oitavo encontram-se as instalações e apartamentos de serviço; já do décimo nono ao vigésimo quinto encontram-se apartamentos de luxo.

domingo, 18 de outubro de 2009

[genius loci, a discussao de aldo rossi]




Aldo Rossi, por sua vez, em 1966, publica seu livro Arquitetura da Cidade um texto que, segundo MONTANER (1993), “alcanza um papel representativo similar al de los tratados de la época clássica”. Rossi critica o funcionalismo moderno afirmando a existência de uma relação linear entre as formas e as funções. Para Rossi, as formas não são diretamente o resultado da função pois vão além das restritas tipologias de funções. Em seu texto, MONTANER (1993) afirma que:

“Varias décadas de reutilización d edificios históricos para nuevos usos nos han demonstrado ampliamente lo que defendía Rossi: la forma es más furte que cualquier atribución de uso e incluso la máxima precisión arquitetctónica favorece una mayor liberdad funcional, un posterior cambio de destino.”




Nesse sentido, Rossi pensa o projeto arquitetônico como um “fato urbano” diretamente ligado ao “lugar” em que está ou será inserido não apenas do ponto de vista físico e topográfico mas também no que se refere a um espaço constituído por “elementos primários” que seria a arquitetura histórica e os monumentos presentes na memória coletiva e que configuram a imagem da cidade. Ao descrever o Teatro do Mundo(1979), obra de Aldo Rossi em Veneza, ARANTES (1995) coloca que:


“(...) o Teatro a um só tempo revela e acrescenta significações a Veneza na mesma forma em que prolonga a história de certas praticas artísticas e sociais da cidade (...) é obra de invenção, sobretudo quando reinterpreta de modo original e atual os dados pacientemente recolhidos da memória.”


domingo, 5 de julho de 2009

Giancarlo De Carlo: o problema do contexto encarado de outra maneira

Em 1952 Ernesto Nathan Rogers indica o arquiteto Giancarlo De Carlo para integrar o grupo italiano nos CIAM’s. Dentre os discursos em torno da tradição e da modernidade, segundo BARONE (2002):

“Giancarlo De Carlo entrava nessa discussão com uma reflexão própria. Não se preocupava com a forma em si, enquanto ícone, tal como na Torre Velasca de Rogers, nem com a alusão à monumentalidade através da utilização de um léxico proveniente do repertório formal historicamente dado, como na leitura de Aldo Rossi. Para De Carlo interessa a adaptação das formas, concebidas por critérios racionais a contextos locais, onde os padrões de composição dialogam com tradições populares arraigadas, que são a expressão da sua percepção do espaço.”

De Carlo, como nenhum outro arquiteto do Team 10, deu elevado valor ao caráter político da arquitetura. Sua obra prática esteve sempre muito ligada às análises q fez da conjuntura na qual se inseria a produção arquitetônica de seu tempo e essas análises refletiam em sua produção prática. Um dos elementos mais marcantes de sua obra é que à excelência técnica se soma uma visão humanista profunda, que coloca a técnica a serviço do homem, antes de tudo, percebendo-se certa crítica ao uso abusivo da alta tecnologia.
Segundo entrevista realizada por João Piza, no dia 1 de agosto de 2002, no estúdio de Giancarlo De Carlo, em Milão, e disponibilizada no Portal Vitruvius em novembro de 2007, o arquiteto coloca que:

“(...) a tecnologia deve ser compreensível para ser humana, ou sai de controle, e podem usá-la contra você. Hoje se pode ver muito bem isso com a informação, que pode manipular à vontade, pois é feita a partir de uma alta tecnologia secreta, só conhecida por quem trabalha com ela, de modo que ninguém pode realmente participar (...)”

sexta-feira, 1 de maio de 2009

"O Magistério”, Faculdade de Ciências da Educação, Universidade Livre de Urbino, 1968-1976

terça-feira, 31 de março de 2009

Faculdade de Ciências da Educação, Universidade Livre de Urbino, 1968-1976

domingo, 29 de março de 2009

Faculdade de Ciências da Educação, Universidade Livre de Urbino, 1968-1976

sábado, 28 de março de 2009

Faculdade de Ciências da Educação, Universidade Livre de Urbino, 1968-1976

sexta-feira, 27 de março de 2009

Faculdade de Ciências da Educação, Universidade Livre de Urbino, 1968-1976

quarta-feira, 25 de março de 2009

Faculdade de Ciências da Educação, Universidade Livre de Urbino, 1968-1976



terça-feira, 24 de março de 2009

Aliada à crítica a elevada tecnologia, De Carlo em suas obras, procurou ampliar a possibilidade de participação das comunidades nos processos de tomada de decisão sobre a vida coletiva. Sua forma de trabalhar alia a participação do usuário no processo da obra à leitura do contexto urbano onde cada projeto se insere, ou seja, uma arquitetura que se fizesse através de um processo político.

Sobre tal processo político, PIZA (2002) coloca que:

“A participação, para De Carlo, é mais que um processo político: é também a construção de uma estética verdadeira, construída com a redescoberta do gosto verdadeiro das pessoas, em um processo dialógico que pouco a pouco depura os elementos estéticos impostos pela cultura de massa e traz à tona os reais valores da sociedade”

De Carlo, quando estudante, participou dos movimentos antifascistas Unitá Proletária e Voluntá, sendo contemporâneo, nesse período, do arquiteto Giuseppe Pagano que o influenciara na decisão de tornar-se um arquiteto. Pagano foi um dos arquitetos responsáveis pela introdução da arquitetura funcionalista de cunho social na Itália, além de ativista político da resistência.

Em relação ao exercício político do arquiteto, BARONE (2002) coloca que:

“As possibilidades do exercício político profissional através da arquitetura, vislumbradas no funcionalismo de Pagano, e os estudos que realizou sobre as obras de William Morris, em 1946, e Le Corbusier, em 1948, levaram De Carlo a buscar na arquitetura o campo profissional mais adequado para suas realizações”.


Sempre próximo do debate, a fim de aprimorar o seu entendimento sobre as condições da prática arquitetônica, desde o período estudantil, De Carlo juntamente com Ernesto Rogers participou do grupo editorial da revista Casabella Continuitá entre 1954 e 1956. A partir de então, passa a integrar como membro dos CIAM’s e, posteriormente, o Team X.

sexta-feira, 20 de março de 2009


Habitações em Terni, Itália




Habitações em Terni, Itália

quinta-feira, 19 de março de 2009

A busca por uma linguagem inspirada nas fontes da tradição da construção italiana acessível ao repertório cultural popular

A linguagem utilizada buscava sugerir um diálogo com o repertório cultural popular, criando formas condizentes com o contexto do entorno, inserindo o novo projeto entre as edificações antigas sem agredir a imagem do conjunto e sem afrontar os costumes tradicionais da comunidade. Ainda na entrevista citada, De Carlo coloca que:

“(...) eu não sou um restaurador, não acredito que o restauro exista. Projeto é transformação, por definição. Se tiro as manchas, talvez faça outras manchas ou talvez tire demais as manchas. O resultado é sempre uma transformação. Em todos os edifícios históricos sobre os quais trabalhei pensei sempre que deveria mudar, em um jogo muito sutil, porque devo conservar os seus valores. E os valores são não só estéticos, afinal representam um período da história, o trabalho humano. Os edifícios foram projetados pelos arquitetos, mas depois feitos pelos pedreiros. Desta forma, arquiteto e pedreiros fizeram juntos. É preciso recuperar estes valores que são coletivos, que representam as pessoas. Não é sempre, mas em alguns casos, demolir é perder um pedaço da história. História de verdade, não a que está nos livros, mas a história dos seres humanos, que se reconhecem e falam das coisas. E este é já um processo de participação (...)”

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009


Habitações em Urbino, Itália.









Habitações em Urbino, Itália.



domingo, 22 de fevereiro de 2009

referências:

- ARANTES, O. O Lugar da Arquitetura Depois dos Modernos. São Paulo: Edusp. 1995;

- BARONE, A. Team 10 - arquitetura como crítica. São Paulo: Annablume: Fapesp 2002;

- MONTANER, J.M. Después del Movimento Moderno. Barcelona: Gustavo Gili, 1995;

- MOLINARI, L. (2000). Vivendas en el barrio A, Spine Bianche. In: 2G - Revista Internacional de Arquitectura No 15. Barcelona: Gustavo Gili, 1995;


- PIZA, J. Entrevista realizada no dia 1 de agosto de 2002, no estúdio de Giancarlo De Carlo, em Milão, e disponibilizada no Portal Vitruvius em novembro de 2007.
http://www.vitruvius.com.br/entrevista/decarlo/decarlo.asp